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SAÚDE - No Governo Renato Casagrande pacientes com câncer esperam até 12 meses e não conseguem iniciar tratamento pelo SUS no ES

 Por / Wewndell Lopes  - Publicada em 16/04/2024 10:45

PRAZO É O MAIS QUE O TRIPLO DO PREVISTO EM LEI FEDERAL; ENTIDADES E GESTORES APONTAM QUEDA DOS ENCAMINHAMENTOS ÀS UNIDADES DE SAÚDE PÚBLICAS

A saúde no Estado do Espírito Santo está sofrendo e esse cenário precisa mudar urgentemente.  A falta de profissionais causa atrasos na realização de exames e nos atendimentos aos pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS).

O tempo de espera entre o diagnóstico do câncer e o início do tratamento (cirurgia, radioterapia e/ou quimioterapia) no Governo de Renato Casagrande (PSB) no Estado do Espírito Santo frequentemente ultrapassa 11 meses, o que descumpre o prazo máximo de 60 dias estabelecido por lei federal para que pessoas com câncer iniciem o tratamento pelo Sistema Único de Saúde (SUS).  

Esse caminho, que começa ainda antes, no pedido para realização da mamografia, leva em média de dez a 12 meses para a maioria dos pacientes capixabas, segundo pesquisa realizada pelo Conselho Regional de Medicina (CRMES) , entre  agosto do ano passado e fevereiro deste ano, após vistoriar  unidades públicas e conveniadas ao SUS com serviço de oncologia no Estado do Espírito Santo. Pelo levantamento: 57% dos pacientes já têm diagnóstico no momento da internação. Desses, 42% tinham exames realizados há mais de onze meses e esperavam em casa, sem tratamento.

– Além de lutar contra a doença, você luta contra o tempo. Se o resultado da biópsia fosse mais rápido, se as lâminas voltassem mais rápido do laboratório, minhas chances seriam maiores. É angustiante – diz Edson, que segue aguardando, agora, ser chamado para a radioterapia. 

 A espera por exames, como mamografia, endoscopias, tomografias, ressonâncias e biópsias, gera outro dado preocupante: 57% dos pacientes são internados com câncer em estágio avançado. Ainda assim, 21% dos pacientes não iniciam a quimioterapia logo após o diagnóstico confirmado.   

A Lei nº 12.732/12 preconiza que o paciente com neoplasia maligna (câncer) tem direito de se submeter ao tratamento no Sistema Único de Saúde (SUS) no prazo de até 60 dias, contados a partir do dia em que recebeu o diagnóstico. Porém, uma estatística do Sistema de informações do Câncer (Siscan) evidencia que em apenas 26,6% do total casos registrados em 2015 iniciou-se o tratamento dentro do prazo determinado. Entretanto, na contraparte do imbróglio da morosidade encontram-se os pacientes, que não têm um minuto sequer a perder.  

Um dos mais importantes centros de estudo e tratamento da doença no país, o Instituto Nacional do Câncer (Inca), vive atualmente uma triste realidade, cujos problemas estruturais atingem diretamente os pacientes que usam seus serviços: filas quilométricas para atendimento, macas improvisadas, deficiência nos suprimentos hospitalares e até mesmo falta de manutenção. 

Note-se que estamos falando da maior referência nacional em oncologia, a partir do que podemos fazer uma reflexão sobre como estão os demais serviços  Espírito Santo afora.

 Infelizmente, ao passo que o número de leitos destinados a esses pacientes segue limitado, com crescimento pífio, o número de diagnosticados com câncer cresce exponencialmente.  

A rapidez na detecção e no tratamento do câncer é decisiva para a cura do paciente, pois à medida que o tempo avança, reduzem-se as chances de recuperação. Por isso não estamos diante de uma discussão banal. 

O ajuste da realidade ao que é tido como ideal há de ser feito em curto prazo. Uma regulação mais eficiente, pela qual se disponha de dados precisos quanto ao estágio da doença, e a ampliação dos serviços oncológicos, gerando descentralização, são alguns exemplos de medidas nesse sentido.  

Assim sendo, a otimização melhora o planejamento, promove um gerenciamento eficaz dos gastos públicos e, principalmente, dispende menos tempo para início do tratamento.

O câncer não espera! Tampouco aceita medidas casuísticas para resolver o problema. A responsabilidade deste recai sobre toda a sociedade, pois devemos ter clareza de posição e reconhecimento da sua gravidade. Portanto, usemos até mesmo do ativismo da mídia para expor rotineiramente essas necessidades, de modo que o ser humano seja respeitado e que a luta pela vida contra o câncer seja realidade.  O tempo tem duas caras: se bem aproveitado é um grande aliado, mas do contrário é um grande inimigo.

 

SESA

A Secretaria da Saúde informa que os estabelecimentos de saúde habilitados para oferecer assistência geral e especializada, e integral ao paciente com câncer são denominadas como Unacon (Unidades de Alta Complexidade em Oncologia) e Cacon (Centros de Alta Complexidade em Oncologia). 

  Atualmente, o Espírito Santo conta com 07 Unacons e 01 Cacon que prestam atendimentos para o tratamento do câncer pelo Sistema Único de Saúde (SUS).